terça-feira, 8 de março de 2011

Ford F-100 V8 1972

Essa caminhonete, como disse anteriormente, foi comprada nova com o intuito de transportar lençóis. Não sei o motivo do negócio não ter ido para frente, pois meu avô era muito esperto e excelente negociante. Pode-se dizer que ele foi um empreendedor, antes do modismo da palavra. Era filho de imigrantes libaneses, mas perdeu o pai com vinte anos, depois de uma longa doença. Estudou até o equivalente da 6a série ginasial (mudou tudo, não sei a regra atual), mas era um verdadeiro autodidata.  Resumindo, ele se fez sozinho e chegou longe.

Faixada da tecelagem em 1973.

Eu me lembro bem desta caminhonete, pois íamos muito ao rio Jacaré Pepira, em Dourado. Naquela época tanto meu avô quanto meu pai tinham canoas com motores de popa, até hoje não sei o motivo. Nem um dos dois sabia ou gostava de pescar. Mas, enfim, mais vale um gosto. Sei que a moda acabou quando meu pai bateu num pilar da ponte e estragou o brinquedo. Tenho muitas fotos destas empreitadas, mas ainda não foram digitalizadas.

Eu em um dos barcos, em 1973

Para andar nas estradas péssimas e cheias de barro, era necessário por peso na caçamba, pois a F-100 rodava com muita facilidade. Minha mãe, com seu pé pesado, rodou e quase bateu. Não podemos esquecer, é um motor V8, tinha excelente torque, caçamba leve e pneus finos, a combinação perfeita para rodar na estrada de terra.

Lembro da imensidão da caçamba, dado que eu tinha apenas três anos. Particularmente eu gostava da F100, apesar da sua cor um tanto quanto diferente e é um dos carros que gostaria de ter na coleção.
meu irmão, 1974. Reparem que ela não tem placas.

Eu, ao volante. 
Nossa casa em 74. E ainda é assim.
Eu, descobrindo o mundo!
Não sei como, mas nunca teve placas!

Na entrada de casa. Minha avó e eu.

cena pitoresca. foto tirada na estrada. Meu avô ao volante.

Colecionar carros é muito legal, mas não é muito fácil. Para quem mora em São Paulo, um grande limitador (depois do dinheiro!) é o espaço. Moro em prédio, e desconfio que uma F100 nem entre no subsolo. Outro ponto é o trânsito infernal. Apesar de gostar do assunto, não gosto de sofrer. São carros inadequados para a situação de hoje, com o trânsito caótico, muitas motocicletas, faixas estreitas. Ainda vou construir um galpão ou coisa do gênero para guardar os carros, mas isso é um plano para um futuro ainda distante. Logo, ter uma F100 não está nas minhas prioridades. Ela é tão grande que, no dia em que meu pai foi busca-la no revendedor Ford, ao entrar em casa acabou por raspar a lateral no portão, fato que gerou discussão entre genro e sogro. A caminhonete tinha apenas alguns quilômetros rodados!

Com a crise do petróleo e com a total perda de interesse nos barcos, a bela Ford passou ser pouco utilizada. Já tínhamos na época o Charger, uma Alfa e um Corcel. Era carro demais para pouca gente para dirigir. Minha mãe começou a pressionar o meu avô para que ele vendesse. Como disse anteriormente, meu avô era um excelente negociante. Aliás, ganhava mais dinheiro nas transações comerciais do que na fabricação de tecidos propriamente dita. Nunca ele venderia algo na pressa, a não ser por necessidade. Como na época ele estava muito bem financeiramente, já nos seus 64 anos, a caminhonete ficou.

Um fazendeiro e também dono de uma companhia de seguros, e que era muito amigo dele, começou a perguntar sobre a caminhonete. "Por que você não vende, Babi?", questionava. "Porque é para minha filha levar os meninos para passear.". Minha mãe queria distância da caminhonete! Realmente ele era bom negociante.

No final das contas ele vendeu a F100 para o amigo, e entrou na negociação uma TL azul marinho. No dia seguinte foi trocada por um Passat. Ainda vi essa F100 na mão do amigo dele por um tempo. Depois desapareceu, nunca mais soube.

Não tivemos outra caminhonete. Eu nunca tive depois de adulto, mas meu irmão tem e adora esse tipo de carro. Claro que, quando preciso, recorro a ele!

abraços!

Vital


4 comentários:

  1. Vital, esta F100 é sensacional. Meu pai teve três delas, e particularmente eu sou fanático pelas séries F da Ford. Ótima postagem.
    Abraço

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  2. Obrigado Cuti, seu blog me incentivou muito a começar a escrever, faltam carros para assunto, rsss... Eu sempre achei a frente desta caminhonete muito bonita, e o fato de ter um V8 a torna especial. Em breve comentarei sobre uma F100 4 cilindros, que meu pai trouxe da Ford em 1984, acho. Era a mesma caminhonete, mudava apenas o painel e alguns detalhes.

    Grande abraço!

    Vital

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  3. vital , é uma F100 dessas , junto com um OPALA 4100 250S que tem atrapalhado em muito o projeto DODGE DART (bronze castanho brilhante). Parabéns pelas postagens .

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    1. Uma F100 e um 4100 são bom pretextos. Eu adoro estes dois carros. Em particular a F100. Mande fotos...

      abcs

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