Bom, como postei a compra da grade, vou aproveitar e contar sobre o carro que provavelmente a receberá. Conforme contei anteriormente, nunca mais vi os carros do meu avô. O tempo passou e desde então os Dodge sumiram da minha vida. É incrível como se via poucos carros desse nas ruas, pelo menos no meu bairro. Quando raramente via um, não importando o estado, automaticamente um sorriso se abria no meu rosto. Como esse carro é bonito!
Fui saber muito depois que os carros cairam em desgraça total e que não valiam nada, mas na época simplesmente esqueci estes carros. Como estudante eu tinha muito pouco dinheiro. Entrei no curso de engenharia da Escola Politécnica e ganhei de presente um Gol 1.8 do meu pai. Nem imaginava que o valor deste carro dava para comprar alguns chargers no início dos anos 90. Se soubesse...
Fui saber muito depois que os carros cairam em desgraça total e que não valiam nada, mas na época simplesmente esqueci estes carros. Como estudante eu tinha muito pouco dinheiro. Entrei no curso de engenharia da Escola Politécnica e ganhei de presente um Gol 1.8 do meu pai. Nem imaginava que o valor deste carro dava para comprar alguns chargers no início dos anos 90. Se soubesse...
Muito raramente eu me lembrava de Dodges, tinha preocupações bem maiores, como aguentar o pesado curso de engenharia. E também, pelo fato do carro ter sido vendido quando eu tinha apenas seis anos, as imagens estavam cada vez mais escondidas na memória, e vinham muito mais da emoção do que da razão.
Passamos por crises, a tecelagem encerrou as atividades e passamos por momentos muito difíceis nos anos 90. Nem pensava em ter carros de coleção, quase vendi o meu carro de uso! Me formei engenheiro e comecei a trabalhar em uma instituição financeira. Com muito trabalho duro e paciência, construí uma carreira. Neste momento os Dodges reapareceram na minha vida.
Casei-me com minha atual esposa e nos mudamos para a Vila Mariana. Numa manhã ensolarada eu abri a janela do 13º andar e olhei para a rua. No posto de gasolina da rua do lado vi aquela grade bipartida inconfundível, com as flautas no capô. Um carro dourado, brilhante. “Caramba! É um Charger !”, pensei. Só dava para ver o capô, o resto do carro estava debaixo da cobertura do posto. As imagens do passado voltaram quase que de maneira instantânea. No dia seguinte fui abastecer o meu carro (neste posto, claro!). Perguntei ao rapaz que me atendera de quem era o R/T que estava ali no dia anterior. Ele gentilmente respondeu que era do sócio dele, que não estava ali no momento. Perguntei se ele venderia o carro, nem sei porque perguntei, não poderia comprar! Era recém casado e não tinha um tostão! E o carro não estava a venda.
Passando um outro dia pelo posto vi o carro pela primeira vez, de perto. Fiquei impressionado com a conservação, apesar de não gostar muito daquela cor marrom metálica. Nunca gostei de carros com banco caramelo ou tetos de vinil marrom. Incrível também como mudei de opinião hoje! Perguntei para um camarada muito simpático, sorriso amigável, se o carro era dele. Nascia ali uma grande amizade, que com certeza levarei para sempre. O Carlinhos (dono do R/T) contou que o carro era dele, comprado do segundo dono. O carro foi tirado zero na Janda em setembro de 1976 e pertencera a uma empresa de publicidade na rua Joaquim Távora, em frente do prédio da atual ESPM. Depois foi comprado por um prestador de serviços que ficou com o carro até vender para o Carlinhos. Pedi para olhar o carro mais de perto e num desprendimento e simpatia muito grandes ele me deu a chave e falou: “Pode abrir, só toma cuidado.”. Como disse, toda a minha história com os Dodges voltou à memória.
Comecei a revirar os arquivos do meu avô, e acabei encontrando as notas fiscais dos carros dele. Eu e o Carlinhos e ficamos muito amigos. Poucos meses depois levei minha mãe para conhecer o R/T, que ficou muito emocionada ao ver um carro similar ao do pai dela. Lembro das chaves balançando e o Carlinhos falando: “Luisão, leve sua mãe dar uma volta nele!”. Com um cuidado tremendo, girei a chave, o motor mal era percebido, tão silencioso era o carro. Demos uma volta no quarteirão.Um senhor de idade que passava pela rua olhou para o Charger, sorriu e perguntou se tinham voltado a fabricar. Voltei ao posto e agradeci o gesto tão nobre. O Carlinhos só não sabia que era o primeiro Dodge que eu dirigira.
A paixão pelos Dodges já era tanta que estava decido a ter um. Contei as minhas economias para ver se seria possível. Tinha um carro de uso, e comecei a procurar um Dodge para comprar. Neste ponto que a emoção e a razão se cruzam é que devemos tomar cuidado. Procurei alguns carros e comprei o primeiro que encontrei em bom estado, um Dodge Dart 2 portas branco, ano 1973.
placas pretas com rodas de magnésio, travas de capô e lanternas erradas.
O carro tem porte. Neste momento estava difícil não comprar.
Eu e meu irmão (examinando a roda).
Eu e meu irmão (examinando a roda).
Lanternas de 75.
Rodas palito e película verde nos vidros.
Que bela lateral! A cor branca destaca mais ainda.
Na minha total pressa e ignorância, ainda um carro rico em acabamentos.
Nunca na minha infância eu havia gostado de Dodge Dart. O Dart era um carro mais simples, e apesar de serem praticamente o mesmo carro, eu gostava dos R/Ts. Fui ver o carro em São Caetano, o rapaz do anúncio que se dizia dono na verdade era só um intermediário querendo ganhar dinheiro fácil, e ganhou.
O Dart surgiu do subsolo do prédio, aquele ronco maravilhoso, com rodas palito de época. Nesse momento passei a gostar do carro. Não resisti aos impulsos e comprei, ignorando os estalos da suspensão, e outros defeitos. Ignorei também os sábios conselhos da minha esposa.
Não sabia nada a respeito da originalidade e paguei um valor razoável na época. Começava ali uma fase de muitas alegrias e de muito arrependimento. O carro, apesar de bonito, não era tudo isso. Tinha as ilusórias placas pretas, outro ponto de atenção aos iniciantes. Placa preta é um assunto muito sério e deve ser sempre avaliado não apenas o carro, mas a seriedade do clube que as concedeu. Hoje em dia tem até carrinho de feira com placas pretas, e isso é muito ruim para a credibilidade do antigomobilismo. Pouco sei da origem deste carro. Cheguei ao segundo dono, um ex-corredor de motociclismo, que contou ter comprado o carro do primeiro dono em Moema.
Na viagem de volta de Ribeirão Pires, onde o carro ficava, o alternador pifou, cheguei a casa dos meus pais e o carro não pegou mais. Já devia estar ruim, claro. Liguei para o dono, que se isentou. Começava uma grande fase de dores de cabeça. Na falta de total conhecimento levei o carro a uma loja de serviços e gastei muito dinheiro para arrumar a suspensão, que ficou muito ruim e precisou ser novamente feita. Ficou a lição de que não é qualquer um que sabe trabalhar nesses carros. Troquei os tuchos, na total ignorância, pois não adianta sem trocar o comando e outras coisas.
Mesmo assim curti muito o meu Dart, que por pura sorte tinha os bancos originais e íntegros, além de outros detalhes interessantes. Conta giros de R/T, almofadas de porta de R/T, enfim, um Dart de playboy de época. Coloquei as rodas rallye e deixei ele mais original. Fiquei algumas vezes na mão por causa do dfv mal acertado, o óleo sujava as velas e as belas janelas laterais traseiras estavam coladas com massa de calafetar! Mas no geral o carro era muito íntegro, fato que pude confirmar no desmonte.
O Dart surgiu do subsolo do prédio, aquele ronco maravilhoso, com rodas palito de época. Nesse momento passei a gostar do carro. Não resisti aos impulsos e comprei, ignorando os estalos da suspensão, e outros defeitos. Ignorei também os sábios conselhos da minha esposa.
Não sabia nada a respeito da originalidade e paguei um valor razoável na época. Começava ali uma fase de muitas alegrias e de muito arrependimento. O carro, apesar de bonito, não era tudo isso. Tinha as ilusórias placas pretas, outro ponto de atenção aos iniciantes. Placa preta é um assunto muito sério e deve ser sempre avaliado não apenas o carro, mas a seriedade do clube que as concedeu. Hoje em dia tem até carrinho de feira com placas pretas, e isso é muito ruim para a credibilidade do antigomobilismo. Pouco sei da origem deste carro. Cheguei ao segundo dono, um ex-corredor de motociclismo, que contou ter comprado o carro do primeiro dono em Moema.
Na viagem de volta de Ribeirão Pires, onde o carro ficava, o alternador pifou, cheguei a casa dos meus pais e o carro não pegou mais. Já devia estar ruim, claro. Liguei para o dono, que se isentou. Começava uma grande fase de dores de cabeça. Na falta de total conhecimento levei o carro a uma loja de serviços e gastei muito dinheiro para arrumar a suspensão, que ficou muito ruim e precisou ser novamente feita. Ficou a lição de que não é qualquer um que sabe trabalhar nesses carros. Troquei os tuchos, na total ignorância, pois não adianta sem trocar o comando e outras coisas.
Mesmo assim curti muito o meu Dart, que por pura sorte tinha os bancos originais e íntegros, além de outros detalhes interessantes. Conta giros de R/T, almofadas de porta de R/T, enfim, um Dart de playboy de época. Coloquei as rodas rallye e deixei ele mais original. Fiquei algumas vezes na mão por causa do dfv mal acertado, o óleo sujava as velas e as belas janelas laterais traseiras estavam coladas com massa de calafetar! Mas no geral o carro era muito íntegro, fato que pude confirmar no desmonte.
Nesta ocasião fiz alguns bons amigos. Comecei ater um pouco mais de conhecimento técnico e histórico dos carros. Passei a entender de detalhes dos anos de fabricação. Constatei que meu Dart tinha apenas as lanternas traseiras da linha 1975 como item não original. Comecei a procurar peças e hoje tenho um quartinho na casa da minha mãe cheio de parafernálias de Dodge. Na mesma época conheci também o Badolato, apaixonado pela linha 79 e doente por plaquetas, doença que é contagiosa! Sempre quando vejo um carro da linha nova confiro a plaqueta para ter uma idéia de proximidade com o Magnum do meu avô. O mais perto que cheguei foi algo em torno de 100 carros. Pelo que pesquisei até agora o Magnum do meu avô faz parte dos primeiros trezentos Dodges novos.
Comecei a procurar os carros do meu avô! Eu tinha as notas e os correspondentes chassis! Infelizmente esses carros não foram licenciados no novo sistema de placas de 1991. Ou foram sucateados ou estão em alguma garagem escondidos, esperando para serem encontrados e trazidos de volta. Procuro estes carros sempre. Tenho esperanças de achar os carros, não importa o estado que se encontrem.
O carro, já melhorado.
Essa lateral é muito boa.
Mesmo bonito, tinha muita coisa embaixo da tinta.
Interior muito bom, com acabamentos de Charger na porta
Hoje o meu Dart está desmontado, com a pintura removida e com o motor recém feito. Pouca coisa apareceu debaixo da pintura, mas o que tinha era muito mal feito, o que me levou a trocar a porta direita. Esta sendo cuidadosamente restaurado. Será pintado novamente na cor Branco Ipanema, outro detalhe que aprendi a olhar. A cor dele estava num tom amarelado, longe do original. Receberá lanternas novas da linha 1973, que consegui comprar depois de muita procura, além do rádio AM e da máscara de painel sem recortes, que pertencia a um Gran Sedan sinistrado.
Fica a dica: se encontrar algo para o seu carro e o preço for “sensato”, não deixe de comprar. Peças de acabamento são poucas e a tendência é pararem de mudar de mão. Quem coleciona e leva a sério não repassa sem necessidade. A situação para os carros de 73 em diante é mais grave, pois tanto as grades quanto as lanternas e frisos foram desenhados pela Chrysler do Brasil e é claro que não há como importar.
Fica a dica: se encontrar algo para o seu carro e o preço for “sensato”, não deixe de comprar. Peças de acabamento são poucas e a tendência é pararem de mudar de mão. Quem coleciona e leva a sério não repassa sem necessidade. A situação para os carros de 73 em diante é mais grave, pois tanto as grades quanto as lanternas e frisos foram desenhados pela Chrysler do Brasil e é claro que não há como importar.
Enfim, fiquei sem Dodge por um bom tempo. O motor dele foi retificado e está instalado num Le Baron de um amigo. Nem preciso dizer o quanto ficou bom o motor, com tudo novo. O carro já está com o fundo aplicado, creio que até o final de 2011 ele estará pronto.
Contarei aos poucos a evolução da restauração.
abraços,
Vital
Parabéns pela iniciativa Vital!!!
ResponderExcluirMeu carro veio com as mesmas rodas traseiras do seu!
Já comprei os novos pneus, BFGoodrich assim com os teus!
Abração...e serei presença contante por aqui! hehehe...
valeu Cajú! Obrigado pela visita e pela força! Este carro que quero fazer um pouco mais forte!Quadrijet, comando, ...
ResponderExcluirabraços Vital
Poxa Luis, me assustei..., não esperava ver o Dart 73 impecável desmontado como está.
ResponderExcluirO carro era lindo, nem precisava tanto, mas foi legal reve-lo nas fotos acima. Um espetáculo de carro.
E apoio, o upgrade de preparação.
Parabéns
Pois é, Pier. Se fosse hoje, não desmontaria. Ele já está no fundo PU, vai ficar no nível do Fuscão, assim espero. Mas, já que comecei, agora não tem volta, rsss... Gostei muito do motor do seu 75, muito bom !!
ResponderExcluirAbraços e valeu!
Vital
Meu nome é Marcelo, acabei de comprar um Dodge Dart 1973 mas nao tenho certeza se a grade esta certa e faltam alguns detalhes sera que teria como me ajudar se eu te enviasse as fotos?
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