segunda-feira, 7 de março de 2011

Dodge Magnum 1978/9 cinza báltico C088324

Na postagem do R/T 74 comentei que meu avô ficou com ele até novembro de 1978. Minha avó Yolanda falecera alguns meses antes, meu avô ficou muito abalado, e para se distrair (acho...), resolveu trocar o dodge. Não sei quem deu a ele um catálogo da linha 1979, mas se encantou com o recém lançado Magnum.

Na ocasião foi a família inteira até a concessinária Janda. Lembro-me como se fosse hoje do show room! Fiquei desnorteado com o que vi! Aquele piso de cerâmica larga, e em cima dele três maravilhosos carros da tão esperada linha 1979! Um Magnum e um Le Baron na cor marrom e um outro Magnum prata com vinil preto (na verdade descobriria 25 anos depois que as cores se chamam Marrom Sumatra e Cinza Báltico, respectivamente). É incrível como a criatividade dos engenheiros e designers conseguira transformar um carro de dez anos de mercado em um produto tão sofisticado e bonito, com aparência totalmente diferente dos carros fabricados até 1978. Após muita briga por preço levamos o imponente Magnum para casa. O nosso R/T entrou por menos de 20% do valor do carro novo. Triste, não! Um R/T vermelho 1974 impecável vale bem mais que dois Dodge Magnum no mesmo estado nos dias de hoje. Conta meu pai que o carro tinha 60 mil kilômetros rodados e nenhum retoque. Mas na época era difícil imaginar tal situação. 



Notas Fiscais do carro. Não temos uma foto sequer dele!


Procura-se um carro para um adesivo!


O Magnum gêmeo, que comprei em POA


Andei muito neste banco de trás.

Concordo com meu amigo Alexandre Badolato quando diz que o Magnum foi um dos Dodges nacionais mais bonitos. Sem falar no conforto! Apesar do meu avô reclamar do desempenho do carro, inferior ao do Charger que vendera, elogiava muito o silêncio e o luxo interior. Ainda guardo na minha coleção aquele catálogo da linha 1979 que o meu avô levou para escolher o seu novo Dodge, com várias contas a mão escritas por ele. Tenho também um adesivo “Emoção 79”, presente do Badolato, adesivo que aguardou por três anos um carro 79 para recebê-lo.

Estudei durante toda a minha vida escolar numa escola chamada Augusto Laranja, indo e voltando de perua. Lembro-me da molecada colando o rosto nas janelinhas da Kombi quando viram o carro sendo manobrado da avenida para dentro da garagem, zero. “Meu pai vai comprar um destes”, disse um. “Que carro é esse?”, perguntou outro. Enfim, o carro era realmente um show. Há poucos meses tive o prazer de ver um carro igual, exceto por ser automático, e de numeração relativamente próxima. Esse lindo Magnum pertence ao meu amigo e mecânico dos meus Dodges, o Daniel.

Meu avô comentou na época que esse seria o seu último carro e infelizmente ele estava certo. Em março de 1980 ele adoeceu e fez sua última viagem no Magnum para São Paulo, conduzido pelo nosso amigo Pedroca (aquele sujeito que entrou para o livro dos recordes ao viajar pelo Brasil inteiro a cavalo, e que é dono de uma linda fazenda hotel em Dourado). Soube desse fato há pouco tempo, contado pelo próprio Pedroca. Claro que pararam num restaurante de péssima qualidade para almoçar.

Em setembro de 1980 meu avô faleceu e o carro ficou sem dono. O impacto foi muito grande, tanto familiar quanto econômico. Minha mãe era filha única e não tinha preparo para assumir os negócios da família, apesar de fazê-lo por mais vinte anos ainda. Por pura comoção, resolveram vender o Dodge Magnum em 1981. Foi vendido para um comerciante da 25 de Março. Um mês depois o carro deu um problema muito sério, como se ele não quisesse ter saído da nossa família.

Um fato interessante foi que meu avô morreu em São Paulo e foi sepultado em Dourado. Como tudo aconteceu numa sexta feira de setembro, foi uma grande correria para conseguir um carro fúnebre para transportar os restos mortais. Isto resolvido, começou a viagem. Meus pais no carro da frente, a Caravan funerária atrás. Lá pelas tantas o alternador da Caravan deu defeito e ela teve que seguir de faróis apagados, aguentando até Ribeirão bonito. Pifou de vez, madrugada do dia 13 de setembro de 1980. Meus pais seguiram até Dourado, acordaram o nosso motorista,  que entendia um pouco de mecânica. Precisavam de uma bateria, que foi retirada do Magnum, estacionado na garagem da fábrica desde que meu avô partira para São Paulo.  Fico até arrepiado com essa história. Se não fosse o Dodge teria sido tudo mais difícil. 

Nunca mais vi quaisquer um dos dodges do meu avô. Outro dia minha mãe comentou que se soubesse que eu gostaria tanto de ter o carro, não o teria vendido. Fazer o quê. Por isso pretendo preservar os meus Dodges para os meus dois filhos, caso eles gostem. 

Em novembro passado, chega um email do meu amigo Alexandre, dando a dica de um carro gêmeo, em Porto Alegre. Comprei o carro, em breve contarei um pouco sobre ele. 

Abraços!

Vital

6 comentários:

  1. Fala Vital!! Achei sensacional a tua idéia de criar um blog, pois tu tem bastante material para isto!! O início foi em grande estilo!! Te desejo muita sorte e alegria nesta empreitada.Podes contar comigo. Abração do amigo Cuti

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  2. Cuti, valeu! O teu blog com certeza tem grande participação nesta idéia!!!

    Grande abraço, aguardo a história da Veraneio!

    Vital

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  3. Cara, estou trabalhando na historia da Veraneio, acho que até o final de semana sai!Fico feliz que o meu blog tenha inspirado o teu. Abraço

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  4. Falta a parte mais legal, a dos meus Dodges, a próxima postagem vai ser do Dart 73. abraços!

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  5. Grande Vital! Eu vi um pouco da história do seu atual magnum, pela descrição do meu conterrâneo, pois fiquei babando para comprar o meu segundo Dodge, mas ia ficar meio pesado. Belo carro, e olha que o dono demorou para vendê-lo, coisas que a gente não entende. Mas era para ser seu, com certeza. Abraços

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  6. Caro Jackson, é engraçado como as vezes um bom carro em um preço honesto demora para sair! Acho que pela distância, talvez. Em São Paulo (acredito eu) acaba vendendo antes. Acabei de voltar do mecânico, o carro 'ja está com os Radial T/A zero, cofre pintado, totalmente revisado. Liguei ele, está muito bom!

    Agradeço seu comentário e a visita! Acompanhe que irei postar mais coisas deste carro! Forte abraço!

    Vital (Se puder, me mande uma foto desse lindo R/T...)

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