domingo, 22 de maio de 2011

O Fiat Tipo 1.6 i.e. preto etna 1995 - Fim da faculdade.

Em 1995, depois de muita ralação, estava no quarto ano da Poli. 1994 havia sido um ano atípico, minha mãe passou por um período difícil de sua vida, um câncer que, graças a Deus, foi curado. O fato é que durante boa parte do ano ela precisou se ausentar da fábrica para fazer o tratamento em São Paulo. Nesta época eu vinha de uma ressaca de terceiro ano de engenharia de eletricidade. Em 1994 eu fazia apenas quatro matérias, pois tinha dividido o terceiro em dois.

Por pura vagabundagem. Não vou dizer que não me arrependo, que não faz diferença, porque faz. Eu poderia ter saído da Poli no final de 1995, mas graças a alguns escorregões, perdi o primeiro ano da minha vida. Hoje com quase 40, não faz tanta diferença. Mas na época senti muito e resolvi tomar jeito.

O fato é que, dada a minha grande janela sem aulas, eu assumi o lugar da minha mãe na empresa, pelo menos operacionalmente falando. Eu tinha faculdade, minha mãe tinha a escola da vida, que é a mais difícil e a que melhor ensina. Enfim, passei o ano de 1994 assistindo aulas de segunda-feira. Acabada a aula, pé na estrada para Dourado. Ficava na tecelagem até sexta-feira. Pegava o Gol branco e voltava para São Paulo. Direto para o curso noturno de japonês que minha mulher fazia na Liberdade. Assistia aula de Mecânica dos Fluidos e de Eletromagnetismo no sábado. E assim passei 1994.

Meu pai sempre foi rígido comigo e claro que o próximo carro era problema meu. Mas minha mãe, muito sensibilizada e com medo de partir (hoje que tenho filhos entendo isso...) pôs na cabeça que queria trocar o meu carro. O velho foi contra, mas a situação era relativamente delicada em casa nesta época. E no ano seguinte, em junho de 1995, ganhei um Fiat Tipo de presente. Zero quilômetro.

 Assinando no livro - Colação de Grau - EPUSP 1996 
 O Tipo, já com algumas modificações
 Casa dos meus pais
 Sempre impecável



Tudo que é feito na emoção e com pouca razão acaba não sendo muito legal. O Tipo era um carro muito bonito e alcançou um certo sucesso, vendendo mais de 145 mil carros entre 1993 e 1997. Mas o seu sucesso literalmente derreteu com a incidência de unidades incendiadas por problemas de fabricação. Hoje este carro está praticamente extinto e os poucos que restam não valem 5 mil Reais. E era um carro muito bom! Espaçoso, completo mesmo nas versões mais básicas, barato e com acabamento razoável.

Fiquei muito pouco tempo com ele. Dois anos exatos. Esse carro me lembra de uma fase difícil dos meus pais, não financeira, mas do relacionamento deles. Foi um período de grande fragilidade familiar.

Como já havia feito com o gol, troquei rodas, cortei molas, etc... O carro era lindo. Quando me formei, em dezembro de 1996, a nossa situação financeira era péssima. Mas tudo vem na hora certa. Sempre gastei o dinheiro dos meus pais durante a faculdade. Na verdade gastava mal. E sempre me toleraram. Quando me formei tive a oportunidade de sair empregado, e com meus primeiros salários pude ajuda-los.  E faço isso até hoje, e com muito orgulho de poder fazê-lo.  Meus pais perderam quase todos os bens materiais, mas sinceramente gosto mais do jeito deles hoje do que quando estávamos bem financeiramente falando. São unidos, comedidos, companheiros. Enfim, como deve ser uma família. Hoje são tranquilos, vivem de aposentadoria e da retribuição minha e do meu irmão. Fiquei muito contente em dar um carro para eles, ano retrasado. São excelentes pais. Quando o Magnum quebrou a noite, em cinco minutos lá estava o velho. Minha mãe religiosamente busca os netos na escola. Amo-os muito, e sou grato pelos valores e pela educação que recebi.


abraços!

Vital

PS: O engraçado é que pesquisando o DPVAT, o carro foi licenciado até 2008 ou 2009. Ou seja, até que durou. Quando vendi ele já tinha quase 70 mil km rodados.

5 comentários:

  1. Ta ai um carro que nunca curti... o Tipo... e o Tempra também !!! Nunca conheci uma pessoa que tivesse tido estes carros e que falaram bem !! hahahahaha !!! mas esse seu preto tava bem simpatico !! rsrsr... Ta ai uma coisa que eu gostaria muito de poder fazer... ajudar meus pais como eles sempre me ajudaram durante toda minha vida... mas hoje estou batalhando, quem sabe um dia não poderei estar numa situação melhor e poder apoiar-los melhor !

    Um forta abraço

    Edu

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  2. Edu, o Tipo era bom carro, eu o tive quando era novo, e todo carro novo é bom. Mas vendi rápido por isso. Virou um grande mico. Ele custou 17 mil zero e entrou por dez mil na troca de uma Palio Weekend, recém lançada em 1997. Que custou 17 mil também, em 24 prestações...

    Anos mais tarde tive um Stilo, que era da empresa da minha mulher. Esse era um carro excelente, ainda mais porque o compramos quando ela saiu da empresa por apenas 18 mil. Sempre fora nosso, desde zero, bem cuidado. Mas depois de Honda ou toyota, fica difícil comprar Fiat, VW ou Ford...

    O Tempra era outro problemão, nunca tive. Mas dirigi um turbo 1994 comprado zero por um colega, quando o carro ainda era novo. Era um brinquedo muito interessante. Foi a única vez que dirigi a mais de 200 km/h...

    Lineas, Bravos, são todos potenciais micos. Mareas e Bravas já são micos. Um frentista de posto comprou um MArea 2.4 por 10 mil, de único dono... Tempra e Tipo já eram.

    Na Fiat, fique com Uno ou Palio Weekend. São bons carros.

    Quanto a ajudar, não tinha opção, graças a Deus tive sorte na vida para continuar ajudando mais...

    Grande abraço!

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  3. Vital, na época do lançamento o tipo, na minha opinião, tinha o mesmo prestígio que um i30 nos dias de hoje. Meu tio teve um e eu achava um tesão, inclusive ele era mutio bom de dirigir. Com relação ao tempra, tive um que comprei com 45.000 km e não me deu problema algum, mutio pelo comtrario, foi um carro que eu curti muito pois o acabamento e o painél eram lindos, principalmente porque eu vinha de um monza tubarão GL, que apesar de ser um ótimo carro, tinha o painéu e acabamento mutio simples.
    Vital, pai é pai, até hoje qdo preciso conversar ou tenho algum problema ele é sempre quem procuro.
    abraços.

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  4. O stilo é um carro que eu queria ter tido. Um dos meus melhores amigos comprou um com sky window logo no lançamento, aquilo é simplesmente fantástico.
    Realmente depois de honda e toyota, fica difícil encarar outras marcas nacionais.
    abraço.

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  5. Max, os i30 não terão um final muito glorioso também. A manutenção é cara e logo logo começarão a mudar de mão.

    Os carros Tipo e Tempra eram bons, mas dado o custo de manutenção, foram trocando de mão até acabar. Hoje um bom Monza ainda tem mercado. Um Tempra? Acho que nem existe.

    Eu tenho três carros japoneses, e posso te dizer que é só óleo e pastilha. Realmente tem muita qualidade.

    Grande abraço Max! Valeu pelo comentário!

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