domingo, 20 de maio de 2012

A casa da tia Malvina

Cresci no Planalto Paulista. Apesar de seus problemas, é um excelente bairro. Conheço cada casa, cada rua... Aprendi a andar de bicicleta nas suas ruas ainda calmas, nos anos 80. Todas as casas do Planalto têm mais ou menos o mesmo estilo. São sobrados médios, com garagem no fundo, construções do tempo que cada família tinha no máximo um carro. Era a classe média paulistana indo para novos bairros, nos meados dos anos 50.


hora de dormir! Na casa que morei 32 anos, até me casar. Meu filho é a minha cara nesta época...

Meu irmão, minha mãe e o pequinês chato, a Rebecca. Ela morreu logo depois do meu avô.

Pagando mico na páscoa de 1975, recém chegado da escolinha.


A minha casa ainda é como sempre foi. Três quartos grandes, um banheiro único na parte de cima... Um lavabo na parte de baixo... Muito espaço, diferente dos caixotes suspensos que moramos hoje.

Mas tinha uma rua que era muito peculiar e que fez parte da minha infância. Minha tia avó morou nesta rua, na Vila Clementino, desde meados dos anos 50 até 1988, quando se mudou para o Rio de Janeiro para morar com sua filha. Ela já tinha oitenta anos nesta data. E ainda viveu mais 22 anos, até 2009. Visitei-a em 2001, depois disso nunca mais a vi. Era a minha última tia avó viva, de um total de nove irmãos.

Em uma coincidência muito grande fui jantar agora, com minha mulher e meus filhos. O manobrista guardou o carro na casa que fora dela.

A casa virou ponto comercial, é geminada e não tinha garagem. Tinha um pequeno jardim na frente, um muro baixo imitando tronco de árvore. Hoje está bem desfigurada. Infelizmente a violência urbana espanta as pessoas das casas e as empilha em prédios. Mas quando reconheci a casa, muitas lembranças da infância voltaram. Lembro dos sanduíches e da Soda Antártica da hora do lanche... Do bolo polonês... Das histórias da família que ela contava com tantos detalhes... Do tio Luiz, mais surdo que uma porta, contando suas histórias da revolução de 32 e acompanhando comigo numa tabela os resultados da Copa de 1982. Na frente desta casa ficava parado o carro da minha mãe. Na esquina tinha um boteco que tinha café, meu avô ia depois dos almoços lá.

cartão que ganhei no meu aniversário, em dezembro de 1983. Última vez que ela veio a nossa casa.


Fase boa.

Segue uma foto para ilustrar. Meu carro, em cima do que foi o jardim da tia Malvina. Ela falaria: "tire esse carro de cima da minha roseira, menino!!!"



abraços.



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